A distinção entre diretores assertivos e os arrogantes nem sempre é nítida. De forma genérica, os primeiros baseiam as decisões na investigação, nas experiências vivenciadas, refletidas e na aprendizagem constante, enquanto os arrogantes se caraterizam por possuírem uma autoperceção exacerbada da sua importância e capacidade, para além de uma orientação diminuta para procurar “feedback” genuíno de pares e de subordinados.
Se um diretor ou uma diretora convoca, para a terça-feira de carnaval, uma reunião de conselho de uma turma para a qual se torna necessário adotar medidas, cuja discussão e aplicação têm vindo a ser procrastinadas por uma parte deste conselho, estará a tomar uma atitude agressiva ou assertiva? São múltiplas as possibilidades de abordagem de liderança escolar que podem ser adotadas: instrucional, transformacional, moral, participativa, gestionária, contingente, pedagógica, entre outras. Nenhuma existe em estado puro na ação de direção e cada uma delas pode ser assumida em função de contextos, tempo disponível para decisão, grau de autonomia, condições e recursos disponíveis. Sempre que a urgência de uma decisão é incompatível com o tempo que, em princípio, seria necessário para uma análise precedida de consulta, pode ser interpretada como tendo sido baseada numa “atitude arrogante”.
A inteligência, o empenho e a obtenção de sucessos vários, por parte de um diretor, tendem a ser desvalorizados se este optar por adotar, preferencialmente, uma atitude agressiva ou arrogante, que corrói a confiança, confunde sentimentos e perceções, acabando por incrementar ressentimentos.
Neste tempo do “síndrome do objeto dourado”, incompatível, na prática, com a paciência necessária à aplicação e desenvolvimento de um projeto fundamentado e democrático, raramente atendemos aos percursos e aos processos, focando-nos exclusivamente em dados absolutos, que nos querem fazer crer que são reveladores de verdades únicas e irrefutáveis, não obstante o ângulo com que os olhamos.
Estando de acordo que a liderança pedagógica é aquela que acrescenta valor através do desenvolvimento do capital humano, a confiança figura entre os elementos indispensáveis para que ela seja bem-sucedida. A confiança constrói-se com paciência e alimenta-se pela coerência e pelos princípios que subjazem à nossa ação quotidiana.
Álvaro A. Santos
[i] Decreto -Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, que aprova o regime jurídico de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.